20 de junho 2017
10 descobertas surpreendentes sobre parentalidade partilhada após o divórcio ou separação
por Linda Nielsen
Qual é o plano parental mais benéfico para as crianças depois dos seus progenitores se separarem ou divorciarem? É melhor para as crianças viverem principalmente ou exclusivamente com um progenitor em residência única e terem períodos de convívio/contacto com o outro progenitor cuja duração pode ser variada conviverem um conjunto variado de tempo com o outro progenitor? Ou estas apresentam melhores resultados quando vivem com um dos progenitores pelo menos 35% do tempo em regime de residência alternada ou coparentalidade? Além disso, será que a residência alternada é benéfica quando existe um conflito forte e continuado entre os progenitores E será apenas escolhida por, e apropriada para, um grupo muito seleto de progenitores – aqueles com rendimentos mais elevados, baixos níveis de conflito, e relações mais cooperativas, que à partida chegam a um acordo mútuo de partilha voluntariamente?
Para responder a estas perguntas, fiz uma revisão de 54 estudos que comparam resultados dos desempenhos de crianças a viver em famílias com residência alternada e residência única, independentemente do rendimento familiar e do conflito parental. Num outro estudo recente, examinei todos os estudos que comparam os níveis de conflito e a qualidade dos relacionamentos de coparentalidade entre os dois grupos de progenitores. Dez conclusões surgiram da minha pesquisa, muits das quais refutam crenças comuns que podem levar a decisões sobre a residência da criança, que muitas vezes não vão ao encontro do seu melhor interesse.
Estes resultados refutam uma série de mitos populares sobre a residência alternada. Um entre muitos exemplos consiste num estudo de 2013 da Universidade de Virgínia, que foi referido em dezenas de meios de comunicação social por todo o mundo sobre a assustadora manchete: “Passar as noites longe da mãe enfraquece os vínculos”. No comunicado à imprensa oficial, os investigadores afirmam que o estudo deve orientar os magistrados na tomada de decisão quanto às crianças com idade inferior a 4 anos. Na verdade, este estudo não é aplicável à população em geral. Os participantes no estudo eram pobres, com baixa escolaridade, não caucasianos, que nunca tinha casado ou vivido junto. Tinham taxas elevadas de encarceramento, abuso de drogas e violência e tinham crianças de vários parceiros. Mais importante do que isto, este estudo não encontrou nenhuma relação clara entre as pernoitas na casa do pai e a vinculação das crianças com a sua mãe.
A minha análise dos 54 estudos sobre a parentalidade partilhada demonstra que, independentemente do conflito parental e do rendimento familiar, crianças em residência alternada – com a exceção das situações em que as crianças necessitam de proteção em relação a um progenitor abusivo ou negligente – apresentavam melhores resultados numa série de medidas de bem-estar do que crianças em residência única. Conhecimento e compreensão destas conclusões ajuda-nos a desmontar os mitos que existem à volta da residência alternada, de forma a melhor servir os interesses de milhões de crianças cujos progenitores já não vivem juntos.
Drª. Linda Nielsen é Professora de Psicologia Educacional e do Adolescente na Wake Forest University. Ela escreveu uma série de artigos sobre a investigação da residência alternada e é frequentemente convidada a partilhar a sua investigação com comissões legislativas e profissionais dos tribunais de famíliar. Para acesso aos seus artigos contatar nielsen@wfu.edu.
Este texto foi traduzido com a autorização da autora e está publicado em: https://ifstudies.org/blog/10-surprising-findings-on-shared-parenting-after-divorce-or-separation
Coordenação: Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos
Tradução e adaptação: Ricardo Simões
Junho de 2017
Acesso em versão PDF (clique para fazer o download)
O trabalho 10 descobertas surpreendentes sobre parentalidade partilhada após o divórcio ou separação de Linda Nielsen está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://ifstudies.org/blog/10-surprising-findings-on-shared-parenting-after-divorce-or-separation .